Grahas (Planetas)
O papel dos planetas na astrologia védica
O Conceito de Grahas
Na astrologia védica, os planetas são conhecidos como 'Grahas', uma palavra sânscrita que literalmente significa 'aquele que agarra ou influencia'. Este termo reflete a compreensão védica de que os planetas exercem uma influência tangível sobre a vida na Terra, 'agarrando' ou afetando diferentes aspectos da existência humana.
O sistema tradicional de Jyotish reconhece nove Grahas principais, conhecidos coletivamente como 'Navagrahas': Surya (Sol), Chandra (Lua), Mangala (Marte), Budha (Mercúrio), Guru (Júpiter), Shukra (Vênus), Shani (Saturno), Rahu (Nodo Lunar Norte) e Ketu (Nodo Lunar Sul).
Diferente da astrologia ocidental moderna, que incorporou Urano, Netuno e Plutão, a astrologia védica tradicional mantém-se fiel aos nove Grahas originais, embora alguns astrólogos contemporâneos experimentem com a inclusão dos planetas transpessoais em suas análises.
Características e Simbolismo dos Grahas
Surya (Sol): Representa a alma, vitalidade, autoridade, pai, governo e poder. É considerado um Graha masculino e levemente maléfico quando mal posicionado.
Chandra (Lua): Simboliza a mente, emoções, mãe, popularidade, conforto e bem-estar. É um Graha feminino e benéfico, mas pode ser variável dependendo de suas fases.
Mangala (Marte): Representa energia, coragem, irmãos, propriedades, conflitos e habilidades técnicas. É um Graha masculino e considerado maléfico.
Budha (Mercúrio): Simboliza intelecto, comunicação, comércio, educação e adaptabilidade. É considerado neutro e assume as qualidades dos planetas com os quais se associa.
Guru (Júpiter): Representa sabedoria, expansão, filhos, fortuna, espiritualidade e otimismo. É o grande benéfico do zodíaco e um Graha masculino.
Shukra (Vênus): Simboliza amor, relacionamentos, arte, luxo, veículos e prazeres sensuais. É um Graha feminino e benéfico.
Shani (Saturno): Representa disciplina, restrições, longevidade, carreira, responsabilidade e karma. É um Graha masculino e considerado o grande maléfico.
Rahu (Nodo Lunar Norte): Simboliza obsessão, ambição, ilusão, materialismo e desejos insaciáveis. É considerado um Graha sombrio e maléfico.
Ketu (Nodo Lunar Sul): Representa espiritualidade, libertação, isolamento, perdas e sabedoria mística. É também um Graha sombrio, mas com qualidades mais espirituais que Rahu.
Dignidades e Estados Planetários
Na astrologia védica, cada Graha pode estar em diferentes estados de dignidade, que afetam significativamente sua capacidade de produzir resultados benéficos ou maléficos:
Exaltação (Uchcha): Quando um planeta está no signo de sua exaltação, ele expressa suas qualidades mais positivas e benéficas. Por exemplo, o Sol se exalta em Áries, a Lua em Touro, e assim por diante.
Debilidade (Neecha): O oposto da exaltação, quando um planeta está no signo de sua debilidade, suas qualidades são enfraquecidas ou expressas de maneira desafiadora.
Domicílio (Swakshetra): Cada planeta rege um ou dois signos onde se sente 'em casa' e pode expressar suas qualidades naturalmente.
Além disso, os Grahas podem estar em estados especiais como Combust (muito próximo ao Sol), Retrógrado (movimento aparente para trás), ou em várias associações com outros planetas que modificam sua expressão.
Aplicações Práticas na Interpretação
Na análise de um mapa natal védico, os Grahas são avaliados por sua posição nos signos, casas, aspectos que formam, associações com outros planetas e força geral (Shadbala).
Cada Graha governa certas áreas da vida, e sua posição e força determinam como essas áreas se manifestarão na vida da pessoa. Por exemplo, Júpiter bem posicionado pode indicar boa fortuna, filhos saudáveis e inclinação espiritual.
Os períodos planetários (Dashas) são determinados principalmente pela posição da Lua nas Nakshatras, mas a qualidade desses períodos depende da força e posicionamento do planeta regente no mapa natal.
A astrologia védica também oferece remédios específicos para mitigar as influências negativas dos Grahas, como pedras preciosas, mantras, rituais, caridade e práticas espirituais, permitindo que a pessoa trabalhe ativamente com as energias planetárias em vez de simplesmente aceitá-las como destino imutável.